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Provas nacionais. Meninos aplicados não têm medo de exames difíceis

Por Kátia Catulo, publicado em 5 Maio 2012 - 03:10 | Actualizado há 1 dia 8 horas
Não há receitas nem perfis para bons alunos. Ir às aulas e tirar todas as dúvidas é o que têm em comum
Provas nacionais
Olhem bem para estes 15 adolescentes. Fixem os nomes e as caras, porque são alunos cobiçados pelos colegas, que os querem nos seus grupos de trabalho. Há motivos de sobra para serem populares na escola. Conquistaram médias de 17 valores para cima no secundário e têm notas iguais ou superiores a 4, numa escala que vai até 5, no ensino básico. São todos bons alunos e há muitos pais e filhos a querer saber o que é preciso fazer para serem como eles.
Acabou-se o mistério. Todos eles interromperam as aulas por um bocado para contar ao i o que fazem para ter boas notas nos testes ou nos exames, que este ano vão ser mais exigentes. Pelo menos é isso que promete Nuno Crato. Muito antes de ser ministro era contra os “facilitismos” nas provas nacionais. Agora, para que não restem dúvidas, a tutela deu instruções ao Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) para não incluir nos testes questões “demasiado simples”.
As provas devem “avaliar de forma clara e precisa os conhecimentos de cada disciplina e pautar-se pela exigência e rigor, adequando o nível de complexidade ao ano de escolaridade a que destinam”. São estas as regras para esta época de exames, segundo a advertência da secretaria de Estado do Ensino Básico e Secundário publicada na página de internet do Gave.
Para os que já começaram a roer as unhas de ansiedade será importante esclarecer que não é preciso ter medo. Há 11 alunos do 6.º e 9.º anos da escola básica 2 +3 de Vialonga, em Vila Franca de Xira, e outros quatro do 11.º e 12.º da Secundária Ibn Mucana, em Alcabideche (Cascais), que não se deixam intimidar por provas mais exigentes.
Não é por se considerarem melhores nem por saberem algum segredo que todos os outros desconhecem. É, sim, por terem alguma experiência nestas coisas de estudar e porque aprenderam entretanto quais as estratégias que melhor servem para cada um. Os métodos têm tido bons resultados e, por isso, estão dispostos a partilhá-los com os outros alunos dos 2.º, 3.º ciclos e secundário que em Junho vão ter de fazer os exames. Estão enganados os que pensam que ainda falta muito tempo. A primeira regra a reter é que uma boa nota não se conquista de um dia para o outro.
MUITOS E BONS Comecemos então pelos alunos do 6.º e 9.º anos de escolaridade. O encontro na escola básica 2+3 de Vialonga, em Vila Franca de Xira, ficou marcado para as 9h45 com um grupo reduzido de alunos. Devíamos entrevistar dois, no máximo, três de cada ciclo. Os professores estavam convencidos de que muitos iriam ter vergonha de aparecer e, por isso, avisaram uns quantos para comparecerem na sala da direcção, se quisessem. Às 9h45 chegou apenas um: Daniel Filipe, do 9.º ano, muito tímido. Dez minutos depois, entraram mais três ou quatro e, no fim, eram 11 adolescentes. Todos bons alunos, claro, para mostrar que não são espécies raras.
AS FÓRMULAS Cada um explicou como estuda. Uns preferem estudar pela manhã e outros à noitinha. Uns não suportam barulho, outros precisam de música ou da televisão ligada. Uns estudam um pouco todos os dias e outros deixam a matéria acumular. Ainda há os que só estão concentrados no quarto ou os que não gostam de lugares fixos, e também os que estudam por livre iniciativa e os que precisam que as mamãs andem atrás deles.
O bom aluno não tem um perfil nem sequer uma receita única para o sucesso. Um é diferente do outro, mas há um trunfo que todos, sem excepção, usam tanto no secundário como no básico para serem os melhores nas suas turmas. Vão sempre à escola, estão muito atentos ao que dizem os professores, não saem das aulas com dúvidas e fazem sempre os trabalhos para casa (TPC). Quem cumprir estas quatro regras tem uma boa parte do trabalho feito.
O resto depende do feitio de cada um e cada um tem de saber qual é o seu feitio. Nem todas as disciplinas exigem o mesmo esforço. Daniel Filipe, do 9.º ano, descobriu que são as cadeiras de Ciências e de Físico-Química que mais trabalhos dão. Alexandra Domingues, aluna do 12.º ano, investe mais na Matemática, porque é a que precisa de treino quase diário: “Meia hora de exercícios nas vésperas de cada aula é o suficiente para rever a matéria e não a deixar acumular.”
O resto é gerido com alguma descontracção. Não muito. “Sempre que há uma parte da matéria que não ficou bem percebida, faço uma revisão rápida em casa e no próprio dia, quando a memória ainda está fresca”, conta Rúben Coelho. Não desleixar nos TPC e rever os temas “naquelas aulas em que a matéria dada foi muita” é a estratégia de Rafael Carvalho, aluno de 12 anos. Fazer um estudo mais demorado, duas ou três horas, no fim- -de-semana é a rotina de Rafaela Gomes, de 11 anos.
ESTUDO CONTINUADO. São alguns cuidados a ter durante todo o ano para não haver pânico quando a época de exames bater à porta. Não é preciso medo nem aumentar muito a carga horária de estudo, se ao longo do ano houve a preocupação em não deixar matéria para trás”, conta Alexandra Domingues. Excessos de confiança também não são recomendáveis. Mesmo os que estudam todo o ano não se podem descuidar. Os exames exigem disciplina e trabalho, se bem que o grau de empenho varia de aluno para aluno e de ano para ano. “Sempre fui boa aluna, o esforço é que aumentou”, explica Rafaela.
O tempo de preparação dos alunos do 6.º ano não é o mesmo para quem está no 9.º ou no secundário. Daniel, que está agora a concluir o ensino básico, precisa de uma semana. A Beatriz Reis, do 2.º ciclo, bastam-lhe três dias, mas para os alunos dos 11.º e 12.º anos são necessárias pelo menos duas semanas de estudo intenso.
O tempo varia, os métodos de estudo também; só a disciplina é que tem de ser firme. Júlia Garcia, aluna de 16 anos, organiza toda a matéria em pouco mais de uma semana. Estabelece metas para cada dia e não larga os livros enquanto não as cumpre. Beatriz Catarino, do 12.º ano, divide o dia em duas partes – uma metade para estudar Português e outra metade para resolver os exercícios de Matemática: “É a melhor maneira para não ficar entediada.”
Há soluções para todos os casos e há igualmente alunos que fogem à regra, como João Mesquita, do 11.º ano. Só estuda quando os exames e os testes estão aí à porta. Deixa a matéria acumular-se e só nas vésperas é que dá tudo o que tem. Entra em maratonas que começam a meio da manhã e acabam perto da uma da madrugada: “Sou um bocado desorganizado”, confessa o aluno de 16 anos.
A desorganização tem o seu preço, avisa Luís Gomes, do 9.º ano, que fez uma descoberta bastante útil para todos os alunos. Há relação de causa-efeito entre a ansiedade e o esforço que se coloca nos estudos: “Quanto mais estudar, menos nervoso fico antes dos exames”, conta o rapaz.

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